O Bairro da Flamenga é habitado por cerca de cinco mil marvilenses, sendo a grande maioria das famílias oriundas do antigo Bairro do Relógio (perto de 500 agregados). Muitas destas famílias já haviam sido deslocadas, na segunda metade da década de 60 do século passado, do Vale de Alcântara para a zona circundante ao Aeroporto de Lisboa, devido à construção dos acessos à Ponte 25 de Abril.
Contudo, as condições de habitabilidade no Bairro do Relógio eram débeis, uma vez que os residentes haviam sido instalados em pré-fabricados cuja deterioração de materiais se tornou notória, após alguns anos. Também não existiam, praticamente, espaços verdes, equipamentos sociais/culturais ou desportivos, no antigo Bairro do Relógio, situação que tornava urgente uma nova resposta de enquadramento para estes lisboetas, que surgiu na forma do Bairro da Flamenga, uma antiga zona de quintas e hortas.
Os demais habitantes do Bairro da Flamenga vieram de outros aglomerados populacionais mais pequenos e hoje desaparecidos, como as Quintas da Flamenga, Bela Vista, Passarinhos, Noiva, Montanha e Holandesa.
As primeiras casas do Bairro da Flamenga foram construídas em 1981, altura em que arrancou a primeira fase de edificação por parte da Câmara Municipal de Lisboa (CML). O bairro começou, portanto, como um total de 470 fogos.
Seguiram-se mais duas fases de construção, tendo o presente edificado cerca 1442 fogos e 100 edifícios. No total, a construção do bairro desenvolveu-se entre o início da década de 80 e 1996. A Gebalis, empresa municipal responsável pelos bairros municipais, assumiu, então, a gestão de quase todo o bairro (um total de 1045 fogos), em Março de 1997. Inúmeros funcionários da própria câmara, bem como da Polícia Municipal chegaram à Flamenga com as suas famílias, durante a primeira década de edificação. Há, ainda, no seio do Bairro da Flamenga, alguns blocos de habitação cooperativa, num total de 140 fogos.
Dir-se-ia, pois, que a Flamenga é um bairro bastante heterogéneo, não só no que respeita à proveniência dos seus habitantes, como ao tipo de alojamentos que abarca, indo desde as habitações de realojamento até pequenos condomínios cooperativos.
Até à década de 80 e antes das obras que melhoram muitos arruamentos e criaram novas vias (como o prolongamento da Av. Estados Unidos da América), a zona da Flamenga possuía poucos e maus acessos, o que contribuiu para que esta área de Lisboa permanecesse, durante grande parte da segunda metade do século XX, como uma espécie de enclave semi-rural, com edificado raro e disperso. Algo que viria a mudar, radicalmente, com a construção do Bairro da Flamenga.
Apoio Social e Comunitário na Flamenga foi crescendo, sem parar
De referir que o Bairro da Flamenga passou a integrar o Programa de Reabilitação e Desenvolvimento Integrado de Marvila – “Viver Marvila”, numa segunda fase do projeto, conquistando assim acesso a meios de benfeitoria para as estruturas do bairro.
Hoje, o Bairro da Flamenga engloba um considerável número de equipamentos sociais, culturais e lúdico/desportivos, entre os quais um polidesportivo, um parque infantil, um ringe de futebol e um campo de golfe. O local de culto que serve o bairro é a Igreja de Santa Clara, tendo ali sido instalados dois estabelecimentos de ensino (Escola Básica nº1 Luiza Neto Jorge e Jardim de Infância de Marvila nº 1).
Entre os serviços de utilidade pública conta-se um Gabinete da Gebalis, a delegação da Comissão de Proteção das Crianças e Jovens (CPCJ) da Zona Oriental de Lisboa, o Espaço Polivalente da Flamenga (propriedade da Câmara Municipal de Lisboa e onde se integra um anfiteatro com capacidade para mais de uma centena de pessoas) e a 38ª Esquadra da Polícia de Segurança Pública. No que respeita à presença de associações, organizações não-governamentais e instituições particulares de solidariedade social, o bairro conta com a presença e o apoio do Centro Social e Comunitário do Bairro da Flamenga da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, do Centro Porta Amiga da AMI – Fundação de Assistência Médica Internacional, da Agência Piaget para o Desenvolvimento (Projeto de Redução de Riscos e Minimização de Danos em Marvila), da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas (CERCI), do Centro de Estudos para a Intervenção Social (CESIS) – Projeto Espiral, da Associação de Socorros de Lisboa e da Associação Geração a Seguir. Realce, também, para o Agrupamento 1260 Bela Vista, grupo de escuteiros sedeado no bairro. É, portanto, um bairro dinâmico e cheio de vida.
O Grupo Comunitário do Bairro da Flamenga dá uma ajuda preciosa para tal dinamização, promovendo ações lúdico/desportivas, mas também sessões de esclarecimento ou de auscultação da população.