Bairro do Condado

Uma parcela de território ativa, que nas últimas quatro décadas tem vindo a ganhar vida própria, denotando uma evolução constante. Já são muitas as famílias que dão um novo cunho a Marvila, acompanhando a evolução dos tempos. De geração em geração as estórias vão perdurando no tempo, e esse conjunto de experiências contribui para a identidade de um bairro e para a própria história de Marvila. Antigamente, em pleno coração do Bairro do Condado, não havia iluminação pública, não havia transportes e as ruas não eram asfaltadas. Este período de tempo algo conturbado não está assim tão distante, pois na década de oitenta esta era a realidade de um bairro que teimava em querer crescer. A primeira carreira de autocarros (o número 34) só passou pelo Condado em 1983. As recordações transportam os mais antigos moradores até ao tempo em que eram necessárias grandes caminhadas para chegar até ao Bairro do Condado em Marvila, passando também pelas quintas dos Cravos, do Conde e do Brilhante. Memórias bem gravadas por Manuel Martins, um transmontano de gema, que abriu o seu coração a Marvila e ao Bairro do Condado. Segundo este ativo e dedicado marvilense: “era necessário andar bastante por entre caminhos de oliveiras, até chegar à estação dos comboios de Braço de Prata para ir buscar encomendas”. Outros tempos e outras gentes que, tal como Manuel Martins, também sublinham a noite de Natal de 1984, em que foram dados os primeiro passos para a fundação do Centro Social São Maximiliano Kolbe, ou a forte devoção de ter participado na edificação da Igreja de São Maximiliano Kolbe, e de ter conseguido fazer com que as relíquias de Santo António tivessem visitado a Paróquia. Uma fé que pode não mover montanhas, mas que ajuda ao crescimento e identidade de uma freguesia. Uma Igreja moderna, inaugurada em 19 de junho de 1993 pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, instalada no coração da freguesia, sendo um dos pontos de orgulho dos marvilenses. Manuel Martins recorda a luta que houve para erguer a atual Igreja de São Maximiliano Kolbe, um período demasiado longo que teve a duração de sete anos, desde que a Câmara Municial de Lisboa fez a doação dos terrenos em 1987.

Quinta do Condado, pátio interior, 1975 Bairro do Condado,1968 Quinta do Condado, 1975 Avenida João Paulo II 1999 Vista panorâmica do Bairro do Condado, 2000

Novos tempos
A construção da atual estrutura habitacional arrancou em 1978, com o ano de 1980 a marcar em definitivo aquilo que viria a ser o centro nevrálgico do Bairro do Condado e até da própria freguesia de Marvila. O Centro Social São Maximiliano Kolbe tem sido essencial para o desenvolvimento do Bairro do Condado, mas também para a sua nítida evolução social. Elsa Vicente é a sua responsável, e já com 12 anos na instituição, tem conseguido sublinhar o fator humano e lutado para que seja possível viver com mais dignidade ao nível de todos os escalões etários. Para Elsa Vicente estes tempos de crise voltaram a complicar a essência de algumas conquistas que tinham sido difíceis de alcançar: “São muitos os agregados familiares em situação de desemprego, e os idosos com reformas muito baixas, mas que mesmo assim, estão a ajudar as suas famílias. Estas situações de crise provocam conflitos familiares, e a falta de autonomia de muitos jovens obriga ao retorno às suas famílias, com os mais idosos a serem apanhados nesta nova realidade”, afirmou Elsa Vicente para poder caracterizar um pouco a situação atual que se vive no Bairro do Condado . Mas hoje o seu figurino está diferente. Muitos dos jovens residentes possuem uma cultura diferente e neste bairro existe uma rede de vizinhos que se ajuda e aproxima. Ainda segundo esta responsável, a formação do Conselho Marvilense e a forte aposta nas diversas instituições por parte da Junta de Freguesia de Marvila, são mecanismos que servem para evoluir. A chegada da zona da Expo ajudou à modernização do bairro, abrindo portas para outras mentalidades. Hoje, os jovens são os primeiros a quererem passar uma boa imagem do seu bairro. Quem visita o Bairro do Condado, sente que este é um local completamente integrado na cidade de Lisboa e que consegue ter uma dinâmica muito própria.

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