Subsiste no tempo a memória da Quinta do Vale Fundão quando, há 40 anos atrás aconteceu o realojamento de grande parte da população oriunda do Bairro Chinês.
Hoje pode ver-se um grande vale, de onde surgem várias casas no meio do arvoredo, assemelhando-se a uma aldeia, em plena cidade de Lisboa. Do Bairro Chinês mantêm-se as memórias da convivência entre todos, da segurança, – que nada se assemelhava ao que hoje se vive – das festas e brincadeiras. Memórias que ficaram no tempo desde que as famílias se mudaram para o “novo” bairro. Um bairro que trouxe a toda a população uma melhor qualidade de vida, uma vez que no antigo bairro, não existia saneamento básico.
Em visita ao bairro, o Jornal de Marvila, falou com Manuel António, morador no bairro desde o seu início e, um dos elementos da Associação de Moradores do Vale fundão que contou um pouco da história desta “aldeia no meio de Lisboa”.
“Há 40 anos atrás, pagamos 300$00 para termos uma casa com condições dignas neste bairro. Deram-nos as casas, apenas com a sua estrutura e as telhas e, todos tivemos que terminar as suas obras à nossa maneira. Quem entendia de construção fez tudo o que podia e quem não tinha esses conhecimentos pedia ajuda.”
Tal como ficámos a saber na tertúlia deste bairro, no passado mês de Março, após a falência da PRODAC, construtora envolvida no processo, foi mais complicado obter as licenças de habitação, no entanto agora, 40 anos volvidos, a Câmara Municipal de Lisboa tem procedido nesse mesmo sentido, como afirma Manuel. “Só agora, com este executivo camarário começamos a ter alguma esperança de ter as nossas casas para nós, como já devia ter acontecido”.
Da mesma tertúlia, recorda-se o testemunho de Maria Ascensão Rodrigues, em Marvila desde 1960, que se lembra desta zona como “uma quinta muito grande onde se vinham buscar os legumes que precisávamos, quando morávamos no bairro chinês”.
Na sua chegada ao bairro e, com a união de alguns moradores, nasceram duas associações de moradores: A Associação de Moradores do Vale Fundão e a Associação de Moradores do Bairro da PRODAC, que subsistem até hoje com algumas vitórias, nomeadamente o bairro da PRODAC norte que, em 2011, viu chegar as suas licenças de habitação.
Além destas associações de moradores há ainda o histórico Oriental Recreativo Clube onde, antigamente, a população podia usar os seus balneários para tomar banho ao fim de semana, a Santa Casa da Misericórdia e a Quinta das Flores.
Um bairro nascido das mãos dos seus moradores, uma aldeia no meio de Lisboa que nasceu há 40 anos de onde a população não quer sair.
![]() Vale Fundão antigamente |
![]() Início da Construção do bairro da PRODAC |
![]() Vale Fundão antigamente |
![]() Vale Fundão antigamente |
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